Entenda como as aves se orientam em suas migrações
04 Feb, 2021
Todos os anos, milhões de aves atravessam o céu nas mais diversas rotas migratórias: considerando aproximadamente 10.000 espécies existentes, mais de um terço delas costuma migrar, abrangendo inúmeras espécies viajantes que desejam garantir sua sobrevivência.
Durante muito tempo, acreditava-se que os pássaros hibernavam durante o inverno e retornavam nos meses mais quentes, mas, atualmente, apesar das dúvidas quanto aos modos de orientação destes animais, sabemos que eles migram em busca de uma maior abundância de alimento – essa é uma forma de se adaptar para sobreviver, e não exclusivamente para fugir do frio.
É por isso que as migrações são consideradas fenômenos voluntários e intencionais, que acontecem em determinados período de tempo, e não devem ser confundidas com deslocações ocasionais ou movimentos dispersantes.
Uma espécie de ave migratória passa uma parte do ano num determinado local se reproduzindo, e, depois que essa reprodução chega ao fim, a maioria dos adultos e filhotes voam para outro lugar, onde passam a outra parte do ano descansando e alimentando-se.
Você já parou para pensar em como exatamente elas se orientam para realizar seus trajetos? Essa é uma pergunta que ainda aparenta ser difícil de responder, com diversas teorias levantadas e estudadas por inúmeros pesquisadores.
De acordo com Gonçalo Elias, coordenador do portal Aves de Portugal, acredita-se que as aves selvagens se orientam pelo sol e pelas estrelas, servindo de referência a espécies migradoras que escolhem realizar seu trajeto durante a noite.
Além disso, como já mencionado acima, existem as espécies que migram em grupos; nesse caso, os filhotes e aves mais jovens tendem a seguir os adultos, imitando tudo o que eles fazem ao longo do caminho. Um outro fato que as ajuda na orientação de suas viagens é o seu alinhamento com o campo magnético da Terra, que facilita na sua percepção das longitudes. Graças a isso, acredita-se que as aves “sentem” para onde devem seguir e voam para o local por instinto.
Esse instinto está diretamente ligado aos fatores hormonais da ave, que desenvolvem uma preparação específica pelo qual seu organismo deve passar para possibilitar todas estas jornadas incríveis. Elas só são capazes de voar por milhares de quilômetros sem escalas graças à chamada glândula hipófise, localizada na base do cérebro, que ativa funções hormonais que produzem uma camada de gordura debaixo de sua pele, proporcionando o “combustível” necessário para a viagem.
As aves dispõem de ritmos biológicos que sofrem alterações de acordo com as estações do ano e a duração dos dias e noites: quando falamos do inverno, por exemplo, pode-se afirmar que as noites são mais longas, e determinados ajustes metabólicos fazem a ave perceber que é hora de migrar para evitar a estação fria. Além disso, pesquisadores confirmam que suas glândulas sexuais se desenvolvem acentuadamente antes da reprodução, funcionando como o sinal necessário para que elas retornem aos seus locais de origem e possam se reproduzir sem complicações. Essa situação ocorre durante a primavera no Hemisfério Norte e outono no Hemisfério Sul.
Interessante como as estações são importantes nessa jornada, não é?