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Queimadas no Pantanal ameaçam as Araras-Azuis

08 Oct, 2020
Queimadas no Pantanal ameaçam as Araras-Azuis

Além de agir rápido, o fogo interfere diretamente na biodiversidade, desequilibrando todo o ecossistema. Infelizmente, como temos acompanhado nas últimas semanas, os animais são as maiores vítimas das queimadas que continuam atingindo alguns dos nossos biomas nos últimos meses.

Entre os animais que sofrem com a devastação, temos as Araras-azuis, símbolos do Pantanal, que têm sua sobrevivência ameaçada por conta da exploração florestal, caça, mudanças climáticas e, mais recentemente, pelos incêndios recorrentes mencionados.

A Arara-azul é a maior representante da família dos psitacídeos e saiu do Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas de Extinção do Brasil em dezembro de 2014, mas continua como vulnerável de acordo com a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).

Um foco de calor foi encontrado nas proximidades do local considerado o maior refúgio de Araras-azuis do mundo: a fazenda São Francisco do Perigara, no Pantanal mato-grossense, que concentra 15% da população livre dessa espécie. Estima-se que, de 6.000 Araras-azuis na natureza, 700 estão nesta fazenda.

Localizada a 150 km em linha reta de Cuiabá, a propriedade rural já perdeu pelo menos 70% dos cerca de 25 mil hectares, quase toda a sua vegetação nativa, que serve de habitat, ambiente para reprodução e fornece alimento para as aves.

Neste momento, a maior preocupação das autoridades ambientais e de entidades de pesquisa e proteção é preservar a área usada por Araras-azuis e outros Papagaios como dormitório. Centenas de aves se reúnem nos finais de tarde no espaço, cercado e protegido há mais de 60 anos pela família da fazenda, numa concentração de palmeiras localizada na sede da propriedade.

Mesmo após combatido, o fogo continuará impactando na oferta de alimentos e na reprodução dessas aves. As Araras-azuis se reproduzem dentro de cavidades que elas mesmo abrem com os bicos em troncos de manduvi e estas árvores também foram consumidas pelas chamas. Com a redução das cavidades, a disputa por ninhos aumenta não apenas entre as Araras-azuis, mas também entre outras espécies de aves, como a Arara-vermelha, o Gavião-relógio, o Urubu-comum e o Pato-do-mato.

No Pantanal, o fogo neste ano consumiu 1,5 milhão de hectares, o equivalente a 10% de sua área. Este é o segundo ano consecutivo com cenas dramáticas na região. Apesar do fogo fazer parte do ciclo anual deste bioma, a combinação entre fatores climáticos, como as secas, e a ação humana, que usa o fogo de maneira indiscriminada, fez com que toda a situação saísse do controle. Precisamos nos conscientizar e lutar para que isso não continue dessa forma. Pense nisso!