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Conheça mais sobre o Projeto Jacutinga: As jardineiras da Mata Atlântica

12 Mar, 2020
Conheça mais sobre o Projeto Jacutinga: As jardineiras da Mata Atlântica

O processo de proteção de espécies em perigo de extinção é um trabalho que engloba diferentes frentes de trabalho, destacando-se a proteção ambiental de áreas naturais intactas onde estas espécies ocorrem naturalmente, abrangendo a educação e conscientização ambiental, e também incentivando a reprodução ex-situ (fora de seu habitat natural) de espécies animais ameaçadas com a finalidade de preservá-las para haver a possibilidade de posteriormente reintroduzí-las na natureza.

Desta forma, é de fundamental importância a existência de criadouros legalizados, zoológicos, instituições de pesquisa científica e aquários que, através de muito esforço, dedicação e paixão, contribuem imensamente para o trabalho de conservação ex situ de espécies ameaçadas. Estas instituições frequentemente trabalham de forma integrada, somando esforços para gerar conhecimento, desenvolver tecnologias e estabelecer procedimentos que fortaleçam as ações para conservação das espécies ameaçadas. Dentre tantos exemplos, hoje destacamos o Projeto Jacutinga: uma parceria entre a Associação para Conservação das Aves do Brasil - @SAVEBrasil e a Fundação Parque Zoológico de São Paulo - @zoosaopaulo, além de outros parceiros que integram o projeto.

A jacutinga (Aburria jacutinga) é uma espécie de ave da Mata Atlântica que pertence à família dos Cracídeos, a mesma família dos Mutuns e Jacús, e são considerados parentes distantes dos faisões e perdizes européias e asiáticas. É uma ave grande, medindo entre 64 e 74 centímetros de comprimento e pesando de 1,1 a 1,4 quilogramas. É fácil de ser reconhecida, pois, além de seu tamanho, possui plumagem negra em quase todo o corpo, somente com a cabeça, nuca, contorno dos olhos e asas com a coloração branca. O bico possui uma coloração azulada, mais intensa próximo à sua base, além da característica barbela de cor vermelho vivo com detalhes em azul.

Considerada uma excelente dispersora de sementes, a Jacutinga é capaz de se alimentar de mais de 40 espécies diferentes de frutos da Mata Atlântica, colaborando na dispersão das sementes, na manutenção das florestas e dos sistemas hídricos. Por este motivo, são conhecidas como "jardineiras da Mata Atlântica". Os principais fatores apontados como responsáveis pela queda populacional da espécie são a caça e a destruição ou degradação de habitat. É considerada extinta em muitos locais onde costumavam ocorrer originalmente, como nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e sul da Bahia. Em Itatiaia/RJ foi vista pela última vez em 1978 e na Serra dos Órgãos (Rio de Janeiro) em 1980. A espécie faz parte do PAN - Plano de Ação Nacional das Aves da Mata Atlântica e consta na lista de 25 espécies prioritárias para conservação, definidas no Acordo de Cooperação Técnica, firmado em 2018 entre a AZAB - Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil, o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente.

As ações do Projeto Jacutinga visam aumentar a população de jacutingas na Mata Atlântica através da reintrodução e monitoramento de aves que nasceram no Zoo de São Paulo, e envolvem: a realização de exames sanitários, adaptação por um período de aproximadamente quatro meses para treinamentos de reconhecimento de predadores; a mudança de hábitos alimentares; testes de voo e observações comportamentais que demonstrem que as aves estão aptas para buscar por alimento e água na natureza; entre outros. “Essa soltura gradativa é chamada de soft release, um processo que requer muita dedicação, monitoramento diário e uma preparação intensa da nossa equipe”, diz Alecsandra, responsável pelo Projeto Jacutinga.

Os registros destas jacutingas desbravando a Mata Atlântica são compartilhados frequentemente nas redes sociais pela SAVE Brasil e pelo Zoológico de São Paulo. Assim, você pode acompanhar as aventuras das jacutingas retornando para o verdadeiro lar, a Mata Atlântica!